quinta-feira, 7 de maio de 2009

Insanos samurais do Inferno!


Lá os impactos dos terremotos são controlados por estranhas, e extremamente complicadas, engenhocas em forma de mola, que aparam essas devastações causadas pelo movimento das placas tectônicas. Nascedouro das altas tecnologias, lugar pico de grandes pensamentos, alimentação saudável e vida longa. É o Japão, e essa é, para muitas pessoas, a única imagem que se tem da cultura japonesa. Ops, perdão, me esqueci dos Samurais, dos pokemons, gueixas, da China, da Coreia do Norte, etc. etc. etc. Enfim, toda essa confusão que nós ocidentais fazemos sobre a cultura oriental é um reflexo direto desse nosso distanciamento tanto geográfico quanto histórico. Mas se nós formos "cascaviar" (palavra da minha mãe, que quer dizer aprofundar, escavar) ao fundo, procurar conhecer um pouco melhor essa outra realidade, iremos perceber nem só de karate e de saquês vive o Japão. Há lá também um bocado de "vidas doentias". E uma pequena porção delas, apenas quatro "malucos", vieram derramar-se em terras carnavalescas. No Dosol, dia 3 de maio, domingo nem um pouco dominical, seja bem vindo à gaiola das aberrações e das criaturas gritantes: é hora de Vivisick.
A banda japonesa de hardcore, em turnê pelo país do sol sal e sexo, apresentou-se em Natal no que mais parecia ser uma explosão de adrenalina dentro do peito do camarada. Chocantes desde o visual, samurai punk, cabelo de árvores, madeixas coloridas... e o baterista magrelinho, os japas entraram no palco com cara de que iriam botar o Centro Cultural a baixo. E o fizeram.
Uma apresentação memóravel para a cena "underground" potiguar, e que sá nacional. Com um som que eu definiria como um hardcore extremo e enérgico, os caras fizerm juz à sonoridade da banda. Os cordas da banda mais pareciam o Elvis levando um puta choque, enquanto o vocalista rasgava sua voz mesmo quando os microfones não estavam funcionando. "Insanos" era a definição de quase todo mundo para aquela banda se apresentando. Realmente insanos.
A boa e velha duplinha do hardcore, sujeira e crueza, se fez presente em todas as músicas do Vivisick. Embora levando um som, aparentemente, simples, a banda ganha notoriedade pela criatividade que utiliza para criar as suas músicas. Linhas de vocal soltas no ar sem "melodias" acompanhando, vocalização sobreposta a uma bateria seca, sem o apoio das cordas, guitarradas ruidosas e rápidas, como de prache, mas sem se tornar as músicas uma repetição do que já foi feito. Uma expressão barulhenta realmente instigante/intrigante, bem sincera e pessoal. Um som foda. Os caras conseguem unir a diversão da música punk com a indignação do hardcore, numa panelada enérgica e distorcida, bem como fazem os seus parceiros do Mukeka di Rato (banda que também se apresentou na mesma noite, mas que infelizmente eu não pude apreciar).
Se me perguntarem se valeu a pena pagar os 15 reais da entrada, mesmo sabendo que eu só puder ver o Frattelli retomando ares(espero falar dessa banda destruidora posteriormente no blog), o Handsome and the Heartbreakers tocando cover do Roberto Carlos em japonês e o show esmagador do Vivisick, eu responderia na lata que "sim", muito embora eu tenha deixado de ver os caras do Fuck on the Beach e do Mukeka.
Fica então a dica pra quem curte um som mais podre e drástico: escutem o Vivisick, saquem as suas músicas indigestas e despretensiosas, é uma boa pedida japonesa, acompanhada com um prato de arroz pra se comer com palitinhos.

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